Viagens...
Abro-me à possibilidades,
vem chegando nova estação
Penso em uma noite calma, varandas largas
Da alegria, somente a dose necessária para um dia
Do universo, versos para compor ainda uma poesia
Vem chegando nova estação
No coração, acordes de calma
Na alma, solos de violão
Nos olhos, nenhum compromisso
Apenas a intenção de que ainda que não faça sentido
tentar entender a canção da curva do rio
em toda sua eternidade
em toda sua eternidade
e fartar-me com o que me é proibido
um tanto a mais daquilo
e de tudo que a muitos não faz sentido
no riso calmo que pensam ser insanidade
absorver a canção da curva do rio
em toda a sua eternidade.
Tonho França
1 de jun. de 2010
31 de mai. de 2010
As minhas faces
As minhas faces
Observo a caixa onde o último charuto descansa
Há uma certa elegância no aroma do Cohiba
Ainda pousa sobre amarelados papéis
a caneta de pena importada
o relógio de bolso em ouro
(ambos herança de meu avô)
já desfiz-me de tudo que era precioso
perdi-me de muitos rostos caros e amigos
e morri um pouco em cada mulher que amei
hoje o tom escuro repousa em quase todas minhas roupas
e meu peito e braços são de cinzas e barro
sou feito de cinzas e barro
e toda essa profusão de sons, cores, pessoas
são estranhas ao meu olhar.
Relembro na pausa de um suspiro (lento)
Toda minha vida
pouca coisa restou de uma época e de mim.
Os últimos poemas ainda insistem na memória
Eles tem a alma, o ritmo e o segredo dos mares
E toda noite, condenam-me veemente
ostentando sobre as ondas, brados revoltos
em espumas claras-intensa-reluzente
A face de todos meus “eus” mortos
Tonho França
Observo a caixa onde o último charuto descansa
Há uma certa elegância no aroma do Cohiba
Ainda pousa sobre amarelados papéis
a caneta de pena importada
o relógio de bolso em ouro
(ambos herança de meu avô)
já desfiz-me de tudo que era precioso
perdi-me de muitos rostos caros e amigos
e morri um pouco em cada mulher que amei
hoje o tom escuro repousa em quase todas minhas roupas
e meu peito e braços são de cinzas e barro
sou feito de cinzas e barro
e toda essa profusão de sons, cores, pessoas
são estranhas ao meu olhar.
Relembro na pausa de um suspiro (lento)
Toda minha vida
pouca coisa restou de uma época e de mim.
Os últimos poemas ainda insistem na memória
Eles tem a alma, o ritmo e o segredo dos mares
E toda noite, condenam-me veemente
ostentando sobre as ondas, brados revoltos
em espumas claras-intensa-reluzente
A face de todos meus “eus” mortos
Tonho França
20 de mai. de 2010
A morte
A morte em minha casa
Vive no branco da parede
Adornada por azulejos
Brancos e azuis-pálidos
Alimentando-se de mim
Num ritual contínuo e natural
Com o apetite voraz dos ponteiros
Que contemplam vitoriosos
cantando eternos tic-tacs
Tonho França
Vive no branco da parede
Adornada por azulejos
Brancos e azuis-pálidos
Alimentando-se de mim
Num ritual contínuo e natural
Com o apetite voraz dos ponteiros
Que contemplam vitoriosos
cantando eternos tic-tacs
Tonho França
18 de mai. de 2010
A moça...
A moça ...
Tinha os olhos e cabelos formados por feixes de águas negras e profundas
A pele morena e lisa em tom de terra secular e misteriosa
Lábios finos e doces como o sumo dos morangos
Sua voz era a mesma das deusas e das prostitutas de todos os tempos
E guiava o vôo dos pássaros e o rumo do sol
O vestido de neve rendado por pedras e ervas
cobria o corpo bordado em fios de ouro e pérolas
Era a moça de Santa Cruz de La Sierra
Era a moça de Santa Cruz
Na mão direita estampada a face de vários mortos
E na outra um cajado de lua e estrela
Os seios erguidos apontavam o céu
E amamentavam pequenos anjos que nasciam nas noites de inverno
Não era amante de homem nenhum ou de qualquer criatura
Os pés descalços pisavam o tempo e as promessas
Suas lágrimas banhavam os vales em trigo e vinho
E era do seu sopro que nasciam os sonhos de todos os homens
Por todos os dias e noites num tecer que não se encerra
Era a moça de santa cruz de La sierra
Era a moça de santa cruz
Era a santa
Ela a cruz
Tonho França
Tinha os olhos e cabelos formados por feixes de águas negras e profundas
A pele morena e lisa em tom de terra secular e misteriosa
Lábios finos e doces como o sumo dos morangos
Sua voz era a mesma das deusas e das prostitutas de todos os tempos
E guiava o vôo dos pássaros e o rumo do sol
O vestido de neve rendado por pedras e ervas
cobria o corpo bordado em fios de ouro e pérolas
Era a moça de Santa Cruz de La Sierra
Era a moça de Santa Cruz
Na mão direita estampada a face de vários mortos
E na outra um cajado de lua e estrela
Os seios erguidos apontavam o céu
E amamentavam pequenos anjos que nasciam nas noites de inverno
Não era amante de homem nenhum ou de qualquer criatura
Os pés descalços pisavam o tempo e as promessas
Suas lágrimas banhavam os vales em trigo e vinho
E era do seu sopro que nasciam os sonhos de todos os homens
Por todos os dias e noites num tecer que não se encerra
Era a moça de santa cruz de La sierra
Era a moça de santa cruz
Era a santa
Ela a cruz
Tonho França
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